A única vez que algo semelhante aconteceu foi no ano de 1996, quando 15 times classificados para as oitavas de final da Copa do Brasil faziam parte da Série A. 27 anos depois, acontece o mesmo. Mas dessa vez, está longe de ser uma coincidência. Muita coisa mudou e a competição ficou cada vez mais difícil para os clubes menores.

História, clubes participantes e calendário

O Brasileirão, a partir do ano de 1987, passou a ter um número mais reduzido de times participantes. O campeonato que antes, tinha quase sempre pelo menos um representante de cada federação de estado, passou a ser dominado pelos clubes 'grandes', ou seja, aqueles com maior tradição e força econômica do país.

Dessa forma, a Copa do Brasil foi criada no ano de 1989 devido a falta de representatividade das federações estaduais menores no Campeonato Brasileiro.

A primeira edição da Copa do Brasil foi jogada com 32 times, representado por 22 estados brasileiros. O vencedor se classificava automaticamente para a Libertadores, algo anteriormente impensável para clubes pequenos como o Blumenau e o Tiradentes, que chegaram às oitavas de final do torneio em 1989. Ambos, clubes extintos hoje.

Desde o primeiro vencedor (Grêmio) até o último (Flamengo), a competição foi modificada algumas vezes. O que no início eram 32 equipes, passou para 64, depois 86 e hoje são 92. Na teoria, uma competição bastante democrática. Mas será mesmo?

Elenco do Grêmio campeão da Copa do Brasil de 1989. (Reprodução/Grêmio)
Elenco do Grêmio campeão da Copa do Brasil de 1989. (Reprodução/Grêmio)

A partir do ano de 2013, 6 equipes já se classificavam automaticamente para as oitavas de final. Desde então, esta prática continuou e na atual edição, 12 times se classificaram automaticamente para as oitavas. Desses 12, apenas 2 não eram da Série A.

Um calendário de competição mais curto para as equipes grandes, que acabam se atraindo muito mais pelo torneio. Para se ter uma ideia, o Flamengo foi campeão em 2013 disputando 14 partidas e em 2022, disputando somente 10.

Prêmio financeiro da Copa do Brasil

Antigamente, muitos times entravam para jogar a Copa do Brasil primordialmente em busca de uma vaga direta para a Libertadores. Hoje, a recompensa mais chamativa ao campeão não é a vaga para a competição continental, mas sim o prêmio financeiro.

Atualmente, o campeão da Copa do Brasil recebe um prêmio de R$ 70 milhões, tirando os prêmios ganhos nas fases anteriores. O que significa um aumento exponencial da recompensa nos últimos anos.

Como comparativo, a premiação deste ano do Brasileirão ainda não foi divulgada, mas pegando como referência a do ano passado, o time campeão, o Palmeiras, faturou cerca de R$ 45 milhões. Uma quantia bem abaixo do prêmio de R$ 70 milhões da Copa do Brasil 2023 e também dos R$ 60 milhões do Flamengo ao vencer a Copa do Brasil de 2022.

Com um prêmio tão grande, as equipes de ponta do futebol brasileiro, passaram a olhar de outra forma para a Copa do Brasil.

Como exemplo disso, dos últimos 4 campeões da Copa do Brasil, todos chegaram à final da Libertadores e 3 deles foram campeões do Campeonato Brasileiro e da Libertadores nos últimos 4 anos.

Elenco do Grêmio campeão da Copa do Brasil de 1989. (Reprodução/Grêmio)
Palmeiras campeão da Copa do Brasil de 2020. (Reprodução/Palmeiras)

Além disso, nas últimas 4 decisões da Copa do Brasil, todos os vice-campeões (com exceção do Athletico-PR em 2021) terminaram o Brasileirão na zona de classificação para a Libertadores.

Os números não mentem. Apesar de ser sim, a competição mais democrática em termos de clubes participantes, ela impossibilita cada vez mais a ascensão e a vitória de um clube pequeno, como a do Criciúma em 91, do Juventude em 99, do Santo André em 2004 e do Paulista em 2005.