A popularidade do futebol feminino cresce a cada ano ao redor do globo, no entanto, a modalidade que durante décadas era conhecida apenas pela prática masculina, ainda está muito longe de promover condições igualitárias.
É evidente que o investimento, tanto por parte dos clubes, quanto por parte de empresas privadas, no futebol masculino, é infinitamente maior comparado ao feminino. Porém, quando se analisa efetivamente os números e valores dessa discrepância, é possível notar que existe algo, no mínimo, inadequado.
Se levarmos em conta, por exemplo, o salário anual de Marta (maior jogadora da história do esporte e eleita seis vezes melhor jogadora do mundo) com o de Neymar (atualmente atleta do Al-Hilal), é possível constatar que a jogadora recebe cerca de 300 vezes menos que o craque brasileiro. Isto é, o salário, por ano de Marta, ronda cerca de R$ 2 milhões, enquanto o de Neymar está na casa dos R$ 600 milhões por ano.
Outro exemplo gritante dessa assimetria no reconhecimento dos atletas de diferentes gêneros, diz respeito à jogadora feminina que tem, no momento, o maior salário do esporte. De acordo com o jornal As, a espanhola Aitana Bonmatí (eleita melhor jogadora do mundo) tem um salário anual de 1 milhão de euros (cerca de R$ 6,1 milhões).
Se pegarmos um jogador de porte médio do Campeonato Brasileiro, tal como o atacante Yuri Alberto, do Corinthians, constatamos que o mesmo recebe, mais que o dobro da melhor jogadora do mundo em atividade. O salário anual do atacante alvinegro ronda a casa dos 2,4 milhões de euros (R$ 14,64 milhões de euros na cotação atual).
Esses dados são bastantes simbólicos para afirmar que mesmo com a ascensão do futebol feminino, ainda é preciso lutar por mais investimento no esporte e reconhecimento das atletas. A próxima Copa do Mundo de 2027 será disputada em território brasileiro, mas será que até lá, algo irá mudar? Será que a sociedade e o capital estão dispostos a alavancar de vez o futebol feminino? São respostas que só o tempo dirá.