A tão sonhada final do Mundial de Clubes está quase chegando. Fluminense e Manchester City ficarão frente a frente em um dos jogos mais importantes do ano - pelo menos para nós brasileiros. Dois times que gostam da posse de bola, mas que têm estilos de jogo quase antagônicos. Enquanto um (Fernando Diniz) adota uma maneira não-posicional de jogar, onde os jogadores tem uma maior liberdade para circular entre posições dentro do campo. Outro (Guardiola) prefere determinar muito bem o espaço do campo em que cada atleta seu pode circular.

No passado um jogo disputado, no presente um passeio europeu

O campeão da Libertadores contra o campeão da Champions League. Um confronto que até o fim do século XX era sinônimo sempre de uma boa disputa, mas que nos últimos 20 anos, ganhou outro contorno.

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Zico durante a final do Mundial de 1981, onde o Flamengo derrotou o Liverpool por 3 a 0. (Icon Sport)

Com o aumento do poder financeiro dos clubes europeus, o Mundial de Clubes da FIFA passou a ser somente mais uma data a cumprir na agenda dos grandes clubes do velho continente. No século XXI, em 22 edições disputadas, somente em três oportunidades uma equipe brasileira conseguiu superar um europeu e conquistar o título (São Paulo em 2005, Internacional em 2006 e Corinthians em 2012).

Mas será que é possível o Fluminense surpreender o Manchester City em 2023? E o que Fernando Diniz precisa fazer para conseguir este feito?

Abir mão de algumas ideias, mas sem abrir mão do estilo de jogo

A resposta é complexa e têm muitas variáveis. Mas em resumo, Fernando Diniz não pode abrir mão do seu estilo de jogo, mas também não pode aplicar 100% das suas ideias na partida. Um paradoxo interessante, que precisa ser levado em conta para, quem sabe, conseguir duelar - em pé de igualdade - contra o City.

Isto porque, apesar de no momento a equipe de Guardiola passar pela sua pior fase no ano, e ainda com baixas como Haaland, De Bruyne e Doku, o Manchester City ainda é a melhor equipe do mundo. E não se pode jogar contra a melhor equipe do mundo sem tomar certas precauções.

A primeira delas: o lado físico. O Fluminense vai para o seu 72º jogo da temporada, tendo no elenco titular, atletas como Fábio (43 anos), Felipe Melo (40 anos), Marcelo (35 anos), Cano (35 anos), Ganso (34 anos) e Keno (34 anos). Seria um tiro no pé Diniz começar o jogo com mais da metade do time com essa idade. Para reforçar fisicamente a equipe e dar mais solidez à marcação, pelo menos um (ou dois) destes jogadores nominados tem que ser sacrificado pelo treinador.

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A segunda precaução: o lado tático. Mesmo sendo adepto do estilo de jogo - por ele mesmo criado - que se diz 'não posicional', o Fluminense terá que abir mão deste costume, pelo menos, no setor defensivo. O City conta com jogadores rápidos no ataque, como Folden, Bernardo Silva, Grealish e Álvarez, que podem fazer a festa na defesa do Tricolor, caso Diniz oriente os seus jogadores a aplicar o seu método de saída de bola no setor defensivo durante todo o jogo. O Flu pode até tentar iniciar a partida atuando da forma habitual, mas se observar que as linhas do City estão muito avançadas à ponto de oferecer perigo na saída de bola, Diniz terá que abir mão. Um gol levado no início da partida pode custar muito caro ao Flu.

Vencer (ou perder) tentando jogar

Portanto, mesmo tendo essas precauções reveladas acima, Fernando Diniz não precisa abrir mão dos principais elementos do seu estilo: a valorização da posse de bola e do jogo ofensivo, a aproximação dos jogadores em um curto espaço, o uso do passe curto, a pressão na saída de bola e em todos setores, a alternância de posições (neste jogo seria bom apenas no setor de meio e ataque) e etc.

Melhor dizendo, o Fluminense precisará ser um time 80% Diniz e não 100%. Quem sabe assim, o Tricolor das Laranjeiras possa surpreender a melhor equipe e o melhor técnico do mundo, e trazer um título ao Brasil, e pela primeira vez no século, com uma equipe brasileira jogando um bom futebol.

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