Gabigol, Arrascaeta, Éverton Ribeiro, Bruno Henrique, Gerson, Filipe Luís e Rodrigo Caio faziam parte da memorável equipe do Flamengo de 2019, que venceu praticamente tudo que disputou. Gerson foi o único que saiu e retornou ao time.

Jorge Jesus era o comandante daquela equipe, que além de vencer o Campeonato Brasileiro e a Libertadores, enchia os olhos do torcedor Rubro-Negro pelo futebol encantador e envolvente que apresentava dentro de campo.

Quatro anos se passaram, muitos treinadores tentaram fazer o que JJ fez, mas não conseguiram.

No entanto, 7 dos 11 titulares daquela equipe ainda remanescem no elenco atual e contribuem para o imaginário do torcedor flamenguista criar uma expectativa de ser para sempre o 'inabalável time de 2019'.

Por que esta base deve ser renovada?

Até hoje se discute bastante sobre o fato da torcida do Flamengo nunca ter cortado o seu cordão umbilical com o técnico português Jorge Jesus.

No entanto, o que pouco se fala, é que este imaginário do torcedor Rubro-Negro está relacionado não só com JJ, mas também com os jogadores remanescentes daquela equipe. É como se fosse um triângulo da dependência.

Quando nos referimos à essa base de jogadores. Na prática, atualmente, ela é uma base muito mais de influências, do que técnica. É uma base quase ideológica.

A própria diretoria do Flamengo, em muitas das suas contratações nos últimos anos, colocou como prioridade este fator. De trazer jogadores 'de peso', 'de história' ou 'de influência', que se equiparem aos jogadores que formam essa base.

David Luiz e Vidal são dois exemplos disso, são jogadores que servem como uma extensão dessa base e que chegam na equipe como se já estivessem lá, e se acomodam. E isso influencia os demais, chegando ao ponto de até jovens jogadores terem o mesmo comportamento.

Como resultado, o elenco do Flamengo passou a tomar conta de algo que pode ser considerado uma das coisas mais importantes da formação de um time: o conceito. Hoje, essa base de jogadores formam uma teia conceitual, que por vezes, acabam por engolir até mesmo, as ideias de um treinador.

O Flamengo precisa muito mais do que uma renovação técnica, mas sim de uma renovação intelectual e motivacional, para combater algo que está enraizado em boa parte do elenco.

Número de treinadores diz muito

Utilizando-se de um dado estatístico para colaborar com o argumento, desde a saída de Jorge Jesus da equipe, 7 treinadores diferentes já assumiram o comando do Flamengo.

Isto significa o mesmo número de jogadores da equipe titular de 2019 que ainda continuam no atual elenco.

O que faz questionarmos: o grande problema do Flamengo, será mesmo o treinador?

Quando se pontua tudo isso, não quer dizer que a história desses jogadores citados deve ser apagada. Pelo contrário, deve ser conservada e relembrada para sempre pelo clube e pelos torcedores.

Também é equivocado dizer que todos dessa base não podem ser conservados na equipe. Gabigol, mesmo não marcando tanto quanto o habitual, continua sendo o bom e velho Gabigol.

Mas para que as coisas mudem, algo precisa ser feito. Algo que transforme o conceito dessa estrutura que passa sim, por essa base do elenco.

É necessário manter a memória, sem deixá-la consumir o presente dessa maneira.

No caso do Flamengo, é preciso olhar para frente e não para trás.

Será Sampaoli o responsável por romper com tudo isso e renovar a base 'ideológica' do Flamengo, ou ele será só mais, engolido por essa grande teia?