Um dia antes do jogo entre Espanha e Brasil, amistoso que servirá como um ato/evento antirracista, resultante das inúmeras ofensas sofridas por Vini Jr. em território espanhol, o atacante brasileiro concedeu uma entrevista coletiva e acabou se emocionando ao falar sobre o tema.

No momento mais marcante da coletiva, Vini Jr. compartilhou com os jornalistas presentes no local, que cada vez tem menos vontade de jogar futebol.

"É cada vez mais triste. Cada vez eu tenho menos vontade de jogar. Mas eu vou seguir lutando."

Vinícius Júnior.

Vini ainda afirmou que para ele é muito desgastante lutar praticamente sozinho, uma vez que nenhum tipo de punição acontece após as suas denúncias. Vale recordar que desde o ano passado, Vini Jr. vem sendo alvo de diversos ataques racistas por todo o território espanhol. E apesar de diversas instituições já terem repudiado os ataques, nada foi feito a respeito de forma concreta.

"Meu pai sempre teve dificuldade por ser negro. Entre ele e um branco, sempre vão escolher um branco. Tenho lutado bastante por tudo que tem acontecido comigo. É desgastante por estar meio sozinho. Já fiz tantas denúncias e ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante, e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando", disse o camisa 7 da Seleção Brasileira e do Real Madrid.

Outras respostas de Vini Jr:

Pensou em sair do Real Madrid? "Pensei, mas se saio daqui, estou dando o que querem aos racistas. Vou seguir lutando e jogando no melhor time do mundo, ganhando títulos e fazendo muitos gols, para que vejam cada vez a minha cara. Sigo evoluindo para isso. Jogar futebol e fazer a alegria das minhas pessoas e de todos que vão ao estádio. Racistas sempre serão minoria. Como sou um jogador atrevido, que joga no Real Madrid e ganhamos muitos títulos, é complicado. Mas vou seguir firme e forte, pois o presidente (Florentino) me apoia, o clube me apoia, para que eu continue e possa ganhar muitas coisas."

A importância da luta antirracista e do jogo contra a Espanha: "Quero agradecer desde já a todos os jogadores da Espanha que sempre dão entrevistas me apoiando, fazendo de tudo para Espanha mudar seu pensamento. Mas no geral, sempre tem racismo e temos que fazer de tudo para diminuir. Mandam mensagem, falam em entrevistas o que só eu falava, hoje estamos juntos. Peço para Fifa, Conmebol, Uefa, que façam mais coisas como a CBF tem feito para evoluirmos como ser humano. Que todos estudem um pouco do que os pretos passaram no passado. O que eu passo não é nem perto do que passaram. Luto pelos pretos, pobres, que não conseguem entrar no mercado de forma tranquila. Ocorreu comigo e com a minha família. Quero que isso mude para não falar tantas vezes disso quando venho aqui na coletiva."